O artigo 165 do Código de Trânsito Brasileiro determina que é pena gravíssima dirigir sob a influência de álcool em nível superior a seis decigramas por litro de sangue. A pena para esta infração compreende multa, retenção do veículo e suspensão do direito de dirigir. O uso de álcool é responsável por graves acidentes de trânsito, envolvendo muitas vezes a morte da pessoa embriagada e a morte de terceiros. Há uma estatística mundialmente aceita que aponta que em pelo menos 5% dos acidentes automobilísticos há o envolvimento de uma pessoa embriagada.

Bethany Rivas morreu ao voltar de uma festa no mesmo veículo em que um colega dirigia sob o efeito do álcool. Esta poderia ser mais uma história como tantas outras que temos ouvido.

De tempos em tempos casos como o de Bethany chocam a sociedade.

Recentemente, em Curitiba, por exemplo, um então deputado colidiu com o veículo de dois rapazes por conduzir alcoolizado e em altíssima velocidade (mais de 190km/h). A comunidade está chocada por ver que aquele que deveria dar o exemplo à sociedade foi o causador do acidente que ocasionou a morte dos jovens.

Por quê a história de Bethany é diferente?

Para saber mais a respeito deste depoimento, que apesar de triste é simplesmente lindo e impactante, leia as postagens "Carta aos amigos após o funeral", "Carta ao antigo Pastor" (detalhando os eventos relacionados à morte de Bethany e os milagres ocorridos) e a "Carta da mulher que aplicou a reanimação cardio pulmonar em Bethany".

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Bethany Rivas

Carta aos amigos após o funeral (escrita por Sharon Rivas)

Queridos Amigos e Familiares,

Faz quase 6 meses desde que eu beijei minha filha pela última vez. Eu sinto falta dela todos os dias. Às vezes ainda choro pela noite e a cada manhã tenho que compreender, uma vez mais, que ela realmente se foi. A tristeza vem se tornando menos intensa, mas não o choque. Eu ainda não consigo acreditar que minha filha está morta. Tudo o que posso dizer é que a única maneira que pudemos sobreviver foi através do conforto e do amor que vocês derramaram sobre as nossas vidas. Primeiramente eu gostaria de agradecer os familiares que gastaram centenas de dólares e viajaram milhares de milhas para estar ao nosso lado, prantear conosco, confortar-nos. Nós não teríamos conseguido se não tivéssemos esse suporte. Também gostaríamos de agradecer os amigos, vizinhos e membros da “Família de Fé”, “Nova Vida” e “Igreja Colonial” que nos ajudaram com doações financeiras e trazendo refeições à nossa casa. Nós sincerametne apreciamos as muitas horas que o Pr. Rick passou nos ajudando nos preparativos do velório, a maravilhosa mensagem no funeral e por todo o trabalho que nossa igreja teve servindo o jantar após o funeral. Somos profundamente gratos ao Pr. Basil pela importante mensagem de meditação ao túmulo e ao Charlie por compartilhar suas lembranças sobre a Bethany. Queremos expressar gratidão ao departamento de Frios do supermercado Target de Clermont por fornecer comida para mais de 300 pessoas. As flores e plantas que todos mandaram eram lindas e os muitos cartões nos tocaram profundamente. Clark e eu gostaríamos de agraceder especialmente aos nossos locais de trabalho, “Charles M. Clark and Sundance Manufacturing” pelo tremendo apoio emocional, licença prolongada e generoso apoio financeiro. Quero particularmente agradecer o proprietário da Sundance, Ray Toot, e aos empregados da empresa por estarem presentes em minha vida como família. Muitos de vocês nos visitavam depois do trabalho ou nos telefonavam a cada dia. O que eu mais temia era ficar “sozinha” no funeral. Eu sou filha única e meu pai faleceu. Minha mãe está numa casa de repouso a 3200 km e mesmo que muitos parentes do Clark estivessem vindo, eu pensei que teria que encarar o enterro de minha filha sem nenhum membro da minha família presente. Quando eu mencionei isso ao Ray e à Paula eles imediaramente disseram: “Nós somos a sua família”. Todos da empresa vieram ao funeral e sentaram nas primeiras fileiras. Eu não tenho como explicar o quanto esse gesto me trouxe força e suporte emocional. Obrigada por estarem lá por nós. Eu realmente senti as suas orações.

Desde então muitos de vocês tem nos perguntado como estamos (ou ao menos se questionando mas com receio de trazer um tema tão doloroso à tona). O ambiente de trabalho não nos permite ter uma conversa profunda sobre como realmente estamos ou as situações que temos passado... ou como Deus tem nos ajudado a nos curar. Eu juntei tudo isso nesta brochura em memória à Bethany no que deveria ter sido seu 20º. aniversário, bem como respostas para algumas de suas perguntas. Nas próximas páginas eu incluí pensamentos de outras pessoas e cartas que contam sobre a Bethany... sua vida, sua morte e os milagres que envolveram a vida e a morte.

Você ficará impressionado com algumas coisas que irá ler. Eu não posso explicá-las, apenas relatá-las como fatos reais. Há uma história bíblica em que Jó diz sobre Deus: “Eu te conhecia só de ouvir falar, mas agora meus olhos podem te ver”. Eu fui cristã a maior parte da minha vida. Eu ouvi sobre milagres e experimentei alguns em nosso ministério, mas não há como comparar a quantidade deles antes, durante e após a morte de Bethany. Na verdade, vai ser impossível relatar todos porque são muitos. Precisaria de um livro pra isso. Eles são tão numerosos e impressionantes que acredito que muitas pessoas teriam dificuldade em acreditar neles. A verdade é que, durante todo esse tempo de sofrimento, Clark e eu notamos que quando a dor vinha nos assolar, de repente uma música tocava na rádio, um sermão na TV ou alguém nos telefonava; e acabar com a tristeza era justamente o que precisávamos. Mesmo quando estávamos lutando contra nossas dúvidas e nos questionando à Deus, em questão de minutos um pregador na TV ou no rádio iria falar sobre a exata pergunta que estávamos pensando e respondê-la. Às vezes Deus iria apenas respondê-la em nossas mentes. Uma vez eu O questionei: “Deus, eu desejaria ter mais fé sobre a Bethany. Às vezes eu me pergunto se ela realmente conseguiu. Ao menos se você pudesse me responder EXATAMENTE o que aconteceu naquela noite. Eu SEI que o Senhor existe mas o Senhor é Espírito e eu preciso de respostas concretas. Se ao menos o Senhor pudesse ter mãos pra me escrever uma carta e responder minhas perguntas... aí sim eu estaria em paz”. Instantaneamente Deus me respondeu: “Eu escrevi. Eu pedi à ministra que orou com a Bethany pra te escrever uma carta. Sim, Sharon, Eu sou Espírito mas eu FALO às pessoas através de pensamentos e sentimentos. E eu pedi a ela que lhe escrevesse. Você não notou que ela usou as EXATAS PALAVRAS na carta ao te contar que orava com a Bethany “até o seu último suspiro”? Assim como você ME pediu que enviasse alguém para orar com ela até o seu último suspiro. Ela disse que sentiu o espírito dela partir e que sabia em um nível espiritual que a Bethany estava com o Pai. Ela disse que não foi coincidência estar sentada na calçada às 11h da noite ou que tenha sido ela quem respondeu às necessidades da Bethany. Aquelas palavras que ela escreveu para você EU a influenciei a dizer. Eu disse a ela para lhe explicar exatamente o que aconteceu naquela noite e a responder cada questionamento que eu sabia que você faria... e eu disse a ela que era imperativo que ela lhe desse a carta imediamente. E ela o fez. Ela dirigiu uma hora até Winter Garden e a entregou a um florista para que ele desse a carta ao pastor e ele lhe entregasse ainda no mesmo dia. Eu TE ESCREVI uma carta, Sharon. Apenas usei os dedos dela para digitar.”

Eu fiquei chocada! Eu nunca havia pensado nisso antes! Eu já experimentei milagres, mas de alguma maneira os que ocorreram durante a morte da minha filha foram os mais significativos. Eu sabia que a Bethany iria morrer, não apenas porque eu OUVI Deus me dizer enfaticamente para parar de lavar a louça e ir passar mais tempo com a minha filha na noite anterior (conforme eu descrevo na carta ao Pr. Wright), mas devido a muitas outras circunstâncias. Deus basicamente me disse às 22h daquela noite que a Bethany iria morrer e agora eu entendo (por meio de todos os demais acontecimentos estranhos) que Ele vinha me preparando para isso há semanas. Eu nunca poderia negar a existência de Deus. Eu não ligo para o que os ateístas e os cientistas dizem, Ele provou ser real dia após dia. Mesmo perdendo minha filha, eu senti o Seu amor e cuidado. E Deus não apenas estava preparando a mim, mas também a outros membros da família. Há muitos exemplos e, mais uma vez, eu não posso descrever todos aqui mas um deles é o seguinte: o irmão de Clark, sua cunhada e seus 4 filhos haviam decidido não vir a Orlando passar a semana no feriado de primavera e colocaram a casa para alugar na internet. Como fica a apenas 5min do Sea World, ela sempre foi alugada em questão de horas. Desta vez não haviam tido nenhuma oferta. Semanas se passaram. Eles baixaram o preço da locação mas mesmo assim não havia ninguém interessado. Não apenas ficaram surpresos como na verdade desapontados com Deus por não tê-los ajudado a locar a casa. Eles não podiam entender porque Ele não os ajudava... até que o Clark os telefonou cedo naquela segunda feira para dar-lhes a notícia da Bethany. Eles naturalmente fizeram suas malas e vieram imediatamente a Orlando para o funeral. Tenho certeza que você já sabe onde eles ficaram. Era a semana que eles haviam tentado alugar a casa mas ela estava vazia. Eles pensaram que não viriam esse ano mas Deus é quem realmente sabe. Na verdade, Ele os ajudou a não alugá-la.

Finalmente, como eu venho refletindo muito nestas últimas semanas, eu percebi que Deus na verdade vinha preparando a Bethany também. Desde que nossos filhos nasceram, todo ano nós fazemos um devocional na noite do Natal e lemos sobre a história do nascimento de Cristo. Este ano a Bethany saiu de casa e nos disse que não queria mais nada com Deus. Para a nossa surpresa ela nos telefonou um dia antes e disse que ela e o namorado haviam decidido participar do devocional de Natal. No dia seguinte ao telefonema eu estava lendo uma história no livro de Max Lucado. Era sobre a traição de Judas e como ele, ao invés de arrependimento, sentiu remorso e se enforcou. Pedro havia negado a Cristo três vezes, mas quando ele ouviu o galo cantar e sentiu remorso, ele chorou amargamente e se arrependeu. Ambos traíram Jesus. Ambos sentiram culpa e vergonha. Ambos foram a um madeiro. Judas foi a uma árvore na floresta, enforcou-se e perdeu-se eternamente. Pedro dirigiu-se a cruz, encontrou perdão e se tornou um dos mais poderosos discípulos da Bíblia. O livro fala que se ao menos Judas tivesse percebido que Deus o perdoaria, ele teria ido ao madeiro certo.

Quando fechei o livro, Deus claramente sussurrou: “É este devocional que eu quero que você dê na noite de Natal”.

“O quê???” eu exclamei. “Nós sempre lemos a história de Natal, sobre o Seu nascimento”.

“Mas este é para a Bethany”, Deus respondeu.

Eu obedeci. Eu disse à minha família que Deus me pediu para fazer um devocional diferente naquele ano. Eu me desculpei por não ler a história do Natal. Me desculpei porque na verdade meu devocional não tinha nada a ver com o Natal exceto que a árvore do Natal eventualmente se torna a cruz da Páscoa... pois Cristo nasceu numa manjedoura somente para mais tarde morrer por nossos pecados, para que nós mesmos não tivéssemos que morrer. Eu fiz o devocional e podia ver Bethany me encarando desconfortavelmente. Eu encerrei contando a eles sobre um estranho evento que ocorreu poucos dias atrás. Meses antes eu recebi uma carta de uma menina que foi uma dos dois únicos jovens que participaram da primeira pequena igreja que pastoreamos em Lufkin, Texas. Como eram apenas dois, nós os colocamos debaixo de nossas asas e ambos passavam muito tempo em nossa casa. Fazia 15 anos desde a última vez que tivemos contato. Ela disse que acabara de receber a salvação e esperava que estivesse escrevendo para o endereço certo. Ela nos pediu que a perdoasse pelas coisas que fez, que respondêssemos à carta e orássemos por ela. Eu a respondi imediatamente mas perdi o endereço dela e nunca pude colocar a minha carta no correio. Eu revirei minha casa a procura do endereço dela mas nunca o encontrei. Agora já se faziam 6 meses e com a proximidade do Natal eu sentia uma grande urgência em contatá-la. Como eu não conseguia lembrar para onde ela havia se mudado ou seu nome de casada, a única coisa que eu conseguia pensar era tentar encontrar o outro rapaz que fazia parte da igreja e torcer para que ele soubesse. Ele ocasionalmente nos escrevia, mas não o fez mais nesse meio-tempo. Eu tentei encontrá-lo, mas ele havia seguido carreira militar e ninguém sabia por onde ele andava. Desiludida, eu contei à minha família como dias antes eu estava na pia da cozinha lavando a louça e orava: “Deus, por favor diga ao David que entre em contato conosco. Eu sei que nos mudamos desde a última vez que ele nos escreveu mas o Senhor pode ajudá-lo a nos encontrar. E por favor... diga a ele que o faça logo. Estamos há poucos dias do Natal e eu preciso encontrar Elise”.

Exatamente 15 minutos depois o telefone toca. Eu sequei as mãos e atendi. A voz de um homem perguntou: “Essa é a residência do sr Clark Rivas?”.

Eu disse: “Sim, é. Quem está falando?” (eu não reconheci a voz grave do outro lado da linha).

Ele respondeu: “Meu nome é David Powers. A senhora lembra de mim sra Rivas? Eu era o único rapaz na igreja que vocês pastoreavam em Lufkin, Texas.

Eu quase derrubei o telefone!!! Ofegantemente lhe disse: “David, é tão bom ouvir sua voz! Obrigada por telefonar... mas eu preciso lhe perguntar... o que te fez me telefonar justamente agora?”

Ele simplesmente replicou: “Me responda você! Eu sou policial em (alguma cidade do Texas) e eu estava dirigindo na auto-estrada quando Deus me ordenou: “Ligue para o Pr. Clark”. Eu o respondi: “Deus, o Senhor sabe que eu perdi contato com eles anos atrás. Eu nem mesmo sei onde eles estão vivendo quando mais seu telefone”.

Deus respondeu: “David, você está num carro de patrulha com computador. Você tem acesso ao arquivo de qualquer pessoa. Busque a informação”.

David disse que respondeu a Deus que faria assim que voltasse à sua base.

Deus o respondeu enfaticamente: “Faça isso agora!”

David continuou: “Sra Rivas, Deus me pediu tão fortemente que parasse o carro e começasse a procurar por seu telefone no computador, está tudo bem??? Porque Deus me pediu para telefoná-los?”

Eu expliquei sobre a Elise, sua carta, e que eu precisava encontrá-la. David disse que não tinha idéia onde ela morava ou seu nome de casada, mas que ele poderia procurar o telefone do pai dela em seu computador. David me passou o número e me contou sobre sua vida, sua caminhada com Deus e em como ele vinha tentando ser um bom marido e pai cristão através do exemplo de Clark. Eu agradeci a ela pelo telefonema, desliguei e liguei para o pai de Elise para pedir o endereço dela. Ele disse que poderia me dar, mas que a Elise tinha acabado de entrar pela porta e que eu poderia falar diretamente com ela (isso que eu chamo de precisão!).

Quando ela pegou o telefone nós duas nos comovemos e choramos. Ela disse que estava se sentindo deprimida porque nós nunca respondemos sua carta e pensava que se nós não entrássemos em contato até o Natal, ou a carta nunca tinha chego ou nós não a háviamos perdoado. Nós tivemos um tempo maravilhoso conversando pelo telefone e ela me disse que agora vinha tentando ser uma boa esposa e mãe cristã seguindo os exemplos que ela aprendeu através de mim anos atrás.

Quando eu terminei essa história e o devocional, eu disse aos nossos filhos: “Deus me deu um presente de Natal maravilhoso esse ano. Mais valioso que dinheiro, fama ou sucesso. Ele nos deu duas pessoas nos dizendo que eu e seu pai fizemos diferença na vida deles e que um dia nós iremos nos encontrar no céu”. E então eu terminei dizendo algo muito estranho: “Se algum dia eu me envolver num acidente de carro e ficar estirada no canto da estrada, morrendo, a única coisa que me importaria é saber que verei meus filhos no céu um dia. Tudo que eu e seu pai queremos em nossas vidas é ver todos vocês salvos e saber que nossa família estará junta no paraíso para toda a eternidade”. E concluí: “E se algum dia algum de vocês se envolver num acidente de carro e ficar estirado no canto da estrada, morrendo, lembrem-se que vocês não precisam de um pregador ou de um altar para serem salvos pois Deus pode perdoá-los onde vocês estiverem. Não importa o que você tenha feito... ou quantas vezes... você sempre pode vir para Casa. Deus estará te esperando. E se algum dia você precisar dar um recado para alguém, diga a Deus. Ele o fará.”

Nove semanas depois... enquando Bethany estava estirada no canto da estrada, eu creio que Deus trouxe aquele devocional natalino à mente dela. E naqueles momentos finais ela pode ter pedido a Deus que nos desse uma mensagem.

E Ele nos deu. Ele nos escreveu uma carta.

Para finalizar, mais uma vez obrigada por sua gentileza por mim e Clark nestes últimos meses. Nós tentamos nos manter calmos e esconder nossa dor no trabalho ou em meio a outras pessoas, mas nós queremos que vocês saibam que significa muito para nós perceber que vocês realmente se importam conosco. Nesta carta eu tentei fazer com que vocês soubessem como realmente estamos. Nada pode aliviar a dor aguda da morte, mas a graça de Deus é suficiente para nos ajudar a passar por tudo. Espero que as próximas páginas possam mostrar-lhes isso.

Com amor,

Sharon


P.S: Eu não poderia terminar essa carta sem expressar minha profunda gratidão pela família Fisher por nos confortar durante esta tragédia. Compartilhar da mesma tristeza e perda permitiu que fosse criado um laço de amizade que nunca mais será rompido. Nós queremos agraceder à Candy, Denise, Virgínia, Lora Ann, Phyllis e Ryan, Kevin e Elsa por seu constante amor e apoio. Kevin, gostaríamos de especialmente te agradecer pela sua atenção quanto aos procedimentos legais e nos manter informados. Nosso agradecimento a todos pela presença no culto em memória à vida de Bethany mês passado. Significou muito para nós tê-los conosco. Creio que teria significado muito a Bethany e a Crystal saber que nos confortamos um ao outro aqui embaixo... até que possamos nos unir a elas.

ATUALIZAÇÃO: Steven Michael Johnson foi declarado culpado por dois homicídios veiculares e uma injúria e lesão corporal em 6 de Abril de 2007. Por dois anos ele alegou sua inocência. Durante o sentenciamento, quando perguntado se ele tinha algo a declarar ele respondeu que sim. Ele disse ao juíz que após a morte de Bethany a família Rivas enviou a ele uma brochura sobre a Bethany e aquela foi a primeira vez que ele se comoveu e chorou. Ele percebeu que deveria ter dito a verdade, mas não queria ir para a prisão. Ele agora queria contar a verdade ao tribunal, sua família e amigos de que era ele quem estava realmente dirigindo. Ele então pediu desculpas às famílias Rivas e Fisher. O juíz o elogiou por dizer a verdade e desculpar-se com as família, mas disse que mesmo assim ele teria que pagar por suas ações. Ele foi sentenciado a 35 anos de prisão.

Carta ao antigo Pastor detalhando os eventos relacionados à morte de Bethany e os milagres ocorridos

Querido Pastor Wright,

Seis semanas atrás eu e minha família sofremos uma tragédia terrível. Minha filha de 19 anos foi morta em um acidente de carro dia 6 de março. Como você sempre foi uma inspiração para mim e o Clark no seminário e também muito envolvido com a Bethany quando ela era menor, eu quero te contar sobre a vida e morte dela e de como coisas milagrosas aconteceram pouco antes de ela morrer... particularmente com relação a um sermão que o senhor pregou anos atrás. Você foi o pastor que dedicou Bethany à Deus e impôs as mãos para que ela fosse mais tarde curada (juntamente com outros professores do seminário e presbíteros da igreja), quando descobrimos que os olhos dela eram severamente estrábicos e ela precisaria de uma séria cirurgia nos olhos. Se você ainda se lembra, a cirurgia foi mal-sucedida e ela teve que usar pequeninos óculos tri-focais. Quando nos mudamos para o Texas, ela foi milagrosamente curada além do que a ciência ou a medicina pudessem explicar (mas eu te explicarei sobre isso no final da carta). Saber que Deus esteve presente durante cada momento dessa tragédia foi a única coisa que nos ajudou. As pessoas me perguntam como eu posso prosseguir... como a vida poderá ser normal novamente. Não poderá. A cada manhã eu acordo tendo que me dar conta de que ela se foi. Eu costumava ter pesadelos onde eu pensava que alguém estava atrás de mim ou que meus filhos estavam perdidos. Eu acordava transpirando, com o coração pesado e então sentia uma onda de alívio quando me dava conta de que havia sido apenas um sonho. Agora, pela primeira vez em minha vida, eu acordo para o pesadelo. Leva um momento para me dar conta da verdade de que minha filha está morta... e derepente uma náusea e um sentimento de terror me faz perceber que dessa vez o pesadelo é real. Aí então... também derepente... uma enchente calorosa me inunda. É uma força sobrenatural que acalma minha respiração e me dá forças para enfrentar o pesadelo e superar minha perda. Deus tem estado muito mais próximo de nós nessa tragédia como Ele nunca havia estado antes. Como meu marido disse a um amigo, durante esse tempo da nossa mais profunda angústia, nós sentimos o Seu maior amor e conforto . É um fenômeno maravilhoso.

O que eu mais queria te contar, no entanto, são alguns dos eventos que permeiam a morte da Bethany e como Deus nos preparou para tal. Muitos anos atrás quando nós estávamos atendendo a um seminário, você pregou um sermão sobre os três hebreus na fornalha. Você disse que eles não estavam sozinhos, havia um quarto homem com eles, o Filho de Deus. Disse que não importasse o quão terrível a provação ou o quão quente fosse a fornalha, Deus estaria sempre conosco. Nós não seríamos isentos dessa fornalha (provações) mas Deus nos daria força para suportarmos. Nós não seríamos consumidos pelo fogo.


Por alguma razão aquela mensagem me comoveu tão profundamente que eu solicitei uma fita cassete. É como se Deus estivesse dizendo “Escute bem, essa mensagem é para você.” Foi o único sermão que eu solicitei uma gravação durante os 4 anos de seminário. Eu o escutava na cozinha enquanto lavava a louça. Me lembro bem. Quando a Bethany tinha um ano e já usava os pequenos óculos, brincando pela cozinha com o seu pequeno ônibus amarelo, as rodas faziam um barulho tão alto que eu aumentava o volume para poder escutar a mensagem claramente. É como se estivesse guardando-a para usar futuramente.

Isso foi há 18 anos. Eu não me recordo de ninguém mais pregando aquela mesma mensagem até 7 semanas atrás. Meu marido e eu pastoreamos por muitos anos até que ele começou a trabalhar num emprego secular que pagava mais para que pudéssemos comprar uma casa. Nós nos mantivemos muito ativos na nossa igreja e educamos nossos filhos com devocionais em família e os encorajamos a ter os seus próprios quando crescessem. Todos os parentes nas duas partes da família são cristãos devotos. Quando criança, Bethany era extremamente espiritual, convidando com freqüência muitos de seus amigos da escola para virem à igreja. Muitos foram salvos através de seus esforços. O maior desejo dela era evangelizar e alcançar o perdido. Na verdade, a última vez em que ela escreveu em seu diário era uma página em que ela se perguntava sobre suas esperanças e sonhos para o futuro. Ela escreveu que queria ir para uma faculdade cristã e então se tornar uma jovem evangelista e levar o “fogo de Deus”. Com isso ela incluiu um sermão e o marcou como primeiro, como se estivesse pensando em escrever vários outros (estranhamente, a mensagem encerra dizendo que a morte não é o fim mas o começo. Essa foi a última frase de seu diário). Depois de um tempo, no entanto, assim como muitos adolescentes, Bethany começou a relutar com a sua fé. Quando ela fez 18 anos ela saiu de casa e foi morar com o namorado. Não é necessário dizer que isso quebrou nossos corações e nós não quisemos falar com ela por semanas. Finalmente eu e o Clark visitamos um conselheiro cristão que perguntou ao Clark o que a Bethany teria que fazer para conseguir seu perdão e ter um relacionamento conosco novamente. Ele fez uma lista de coisas que ela teria que abrir mão ou mudar. O conselheiro então perguntou gentilmente: “O que Deus o fez abrir mão ou mudar para que Ele tivesse vontade de te amar, te perdoar e se relacionar com você, Clark?”. Nós subitamente entendemos que deveríamos amar nossa filha incondicionalmente, bem como Deus nos ama. Nós pedimos a Bethany que nos perdoasse e dissemos que a amaríamos para sempre, não importasse o que. Ela também nos pediu perdão e nos disse que nos amava também. Depois desse episódio nos reaproximamos bastante apesar de ela ainda morar fora de casa. Durante dois anos todas as manhãs eu orava a Deus em meus devocionais que a trouxesse novamente pra perto Dele.

Como eu disse, eu não me lembro de ter ouvido aquela exata mensagem que você pregou até 7 semanas atrás. Nosso pastor a intitulou como “O Quarto Homem”. Imediatamente eu me lembrei do seu sermão. Uma vez mais uma luzinha dentro de mim se acendia. Uma vez mais eu tive a impressão que deveria ouvi-la atenciosamente... então eu fiz anotações e solicitei a gravação do CD. Nós nunca tínhamos passado por nenhuma crise muito grande e eu sequer via alguma se aproximando, mas mesmo assim solicitei o CD.

Na sexta feira seguinte Bethany e seu namorado vieram jantar aqui em casa depois de uma peça que o namorado da irmã dela participava. Depois de comer eu estava lavando a louça quando senti uma sensação forte de que deveria parar com o serviço e ficar um tempo com a Bethany. Eu ignorei e continuei lavando a louça. A sensação foi se tornando cada vez mais forte, mas eu queria terminar a louça antes de relaxar e passar tempo com as “crianças”. Então uma voz em minha mente ordenou: PARE DE LAVAR A LOUÇA E PASSE TEMPO COM A SUA FILHA! Esse obviamente não era um pensamento vindo de mim. Eu nunca diria pra mim mesma “sua filha” então eu entendi que era Deus. Eu não tinha idéia porque Deus estava me ordenando a parar de lavar a louça e ficar com a Bethany... Mesmo assim obedeci. No mesmo instante eu parei tudo e fui para a sala de estar. Nós passamos 30 minutos olhando as fotos que haviam acabado de chegar pelo correio, que nós 5 tiramos juntos para colocar no diretório da igreja. Bethany concordou em ir conosco nesse dia, até levou o namorado junto e tirou uma foto com ele também (foi a única foto formal em família que tiramos juntos e a foto que usamos em seu caixão uma vez que ele estava lacrado). O estranho foi que, apesar de fazer vários anos desde que nossa família tirou fotos profissionais juntos, eu não tinha planejado comprá-la pois as economias estavam apertadas. Bethany insistiu que nós deveríamos comprá-las e ainda fez o comentário de que nós não sabíamos se alguma vez teríamos uma próxima chance de tirar uma foto todos juntos novamente. Eu achei seu comentário muito estranho e disse que nós teríamos muitas outras chances, mas concordei em comprar as fotos. Naquela noite colocamos a foto em um porta-retrato e a pusemos sobre a lareira. Quando eles estavam saindo pela porta eu abracei a Bethany e senti uma forte sensação de lhe dizer que a amava. Eu geralmente não digo isso sem maiores motivos mas naquela noite eu obedeci a esse sentimento iminente. Eu me despedi dela e lhe disse: “Eu te amo, Bethany” e a face dela se iluminou como uma árvore de natal. Ela me abraçou novamente e me disse “também te amo, mãe”. Acenei enquanto ela entrava no carro.

Aquela seria a última vez em que eu veria minha filha viva. Aquelas foram as últimas palavras que trocamos e aquelas foram as últimas fotos que tiraríamos juntos.

Duas noites depois, domingo, 6 de março, eu fui até meu quarto planejando dormir em seguida. Porém, senti um repentino alerta de que deveria orar pela Bethany. Eu perguntei a Deus se eu poderia esperar até as 5h30 da manhã do próximo dia, quando eu regularmente tinha meus devocionais e orava por ela, mas esse sentimento realmente era de urgência... de que eu deveria orar por ela agora. Então eu orei. Comecei como sempre oro, pedindo para que Deus a trouxesse novamente para junto Dele e a protegesse enquanto ela estava longe de sua Presença. Mas por algum motivo eu sentia que deveria orar de uma maneira diferente dessa vez. É como se Deus estivesse me dizendo para “liberá-la”. Eu não senti mais paz pedindo para Ele que a protegesse. Eu sabia que Ele queria que eu orasse apenas para trazê-la pra perto Dele novamente, não importa o que acontecesse.

Eu honestamente não podia orar aquilo. Eu amava minha filha e não queria que nada de ruim lhe acontecesse... mesmo assim eu não conseguia afastar a sensação de que dessa vez Deus estava me pedindo para me preparar para o pior.

Por uma hora eu lutei com Deus e até barganhei com Ele. Disse que EU estaria disposta a morrer se o fato de estar morta resultasse na reaproximação dela com Deus. Mesmo assim eu não sentia paz. Eu chorei sem parar por uma hora até ficar exausta. Finalmente lhe disse que a “deixaria ir” mas com uma condição: Se Bethany fosse enfrentar perigo ou morte, eu queria que Ele lhe desse cada oportunidade possível para que ela voltasse pra Ele... até o momento em que ela desse seu último suspiro. Eu implorei a Deus para me prometer que Ele enviaria alguém parar “segurá-la e orar por ela até que ela desse seu último suspiro”. Eu repeti isso diversas vezes. Finalmente eu senti uma paz me envolver, como se Deus houvesse “aceitado” a minha condição.

Rolei na cama e olhei para o relógio. Eram 23h.

Exatamente as 3h da manhã o telefone tocou. Era da sala de emergência do hospital de Orlando. Um homem disse que Bethany havia se envolvido em um terrível acidente de carro e nos pediu para ir imediatamente.

Quando chegamos na UTI do hospital o enfermeiro e o médico nos chamaram numa sala menor e fechou a porta (imediatamente comecei a ter um sentimento de como se estivesse afundando. Eu assisti no noticiário muitas vezes pessoas que perderam a vida, especialmente adolescentes que foram mortos nas rodovias. Um pavor dentro de mim me dizia que talvez agora fosse a minha vez). Eles nos disseram que a Bethany e seu namorado e um outro casal saíram de uma festa de aniversário para comprar alguma coisa. O motorista havia bebido e estava em alta velocidade, talvez há mais de 140km por hora. Ele perdeu o controle do carro numa curva e atingiu uma árvore. A amiga de Bethany, Crystal, foi morta instantaneamente. Bethany havia sido encontrada ao lado da rodovia e sobreviveu por mais 30min. Eles não nos deixaram vê-la. Raios-X mostraram que ela quebrou quase todos os ossos do seu corpo, exceto um. Foi como se ela tivesse pulado de um avião e seu pára-quedas não tivesse aberto. O paramédico não tinha absolutamente nenhuma explicação de como ela pode sobreviver por 30min após o acidente.

Tomada por choque e terror, meu marido e eu nos demos as mãos enquanto descemos o corredor escuro do hospital. Eu encarava os azulejos no piso e tentava controlar o pânico que crescia dentro de mim. Derepente notei que a cada passo que eu dava, um versículo da Bíblia que eu havia aprendido na classe dominical (Salmo 23) se repetia na minha mente: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte... Tu estás comigo.”

As 24h seguintes foram de uma dor excruciante, insuportável, e sentíamos náuseas quando contamos à nossa família e amigos que teríamos que enterrar nossa filha. Quando o pastor chegou eu contei a ele sobre os estranhos eventos que ocorreram durante a noite em que Deus me pediu para liberar a Bethany à Ele. Agora eu entendo porque. Ele sabia que ela iria morrer. Na verdade, eu contei ao pastor todas as outras estranhas situações que aconteceram recentemente. Semanas antes eu havia separado algumas coisas para doar à Cruz Vermelha. Entre eles estavam alguns itens que a Bethany havia me dado. Um pensamento vindo de lugar algum, como uma voz, me dizia: “se alguma coisa acontecesse à Bethany, elas não serão mais tranqueiras. Serão tesouros”. Na verdade eu as separei e coloquei numa caixa e guardei. Numa outra manhã durante meus devocionais a Deus, Ele me disse claramente para escrever a Bethany um cartão e dizer a ela o quanto eu a amava e o quanto eu me orgulhava dela, e terminar dizendo que meu maior desejo era que ela estivesse no paraíso conosco assim seríamos uma família unida para sempre. No dia seguinte ela me deixou uma mensagem maravilhosa na secretária eletrônica agradecendo ao cartão e dizendo o quanto me amava. Novamente um pensamento distinto veio na minha cabeça: “Se algum dia alguma coisa acontecer à Bethany, eu terei essa mensagem para poder ouvi-la sempre”. Eu a guardei por 12 dias. Irritada comigo mesma pela minha paranóia eu decidi ignorar o pensamento e apaguei a gravação. Uma semana depois ela morreu. Também disse ao pastor sobre a promessa que eu pedi a Deus que me fizesse... para que Ele enviasse alguém para orar com a Bethany até seu último suspiro. Contei-lhe que eu me questionava quem havia tentato reavivá-la mas que eu sabia que possivelmente nunca saberia.

No dia seguinte o pastor apareceu em nossa porta com um olhar muito estranho. Ele nos contou que cedo naquela manhã um florista telefonou para a igreja e pediu que ele fosse à floricultura imediatamente para buscar algo. Eles lhe deram flores e uma carta endereçada a nós da mulher que realizou a RCP (reanimação cardio-pulmonar) em Bethany. Ela dirigiu uma hora de Groveland para Winter Garden para nos entregar a carta imediatamente. Ela disse ao florista que normalmente se deitava às 22h mas naquela noite “algo disse a ela” para não colocar seu pijama. A sensação foi tão forte que na verdade ela foi para fora de casa e sentou no meio-fio. Quando ela ouviu o barulho da colisão às 23h ela entendeu porque Deus lhe pediu para não colocar seu pijama. Todos os demais vizinhos já estavam em suas camas mas ela pôde chegar ao local do acidente no mesmo instante, realizou a reanimação em Bethany e orou com ela. Nós acreditamos, por conta dos comentários que ela fez na carta, que ela era uma Índia Nativa-Americana. Eu achei isso como uma providência divina pelo fato de eles serem educados a dar extrema importância para a alma e o espírito. Muitas vezes eles sentem o que a maioria de nós não sentimos. Eu acredito que Deus queria que fosse essa mulher em particular que estivesse com a Bethany quando ela estava morrendo. Ela pôde nos dizer que a Bethany faleceu em paz e que ela realizou a RCP (reanimação cardio-pulmonar) em Bethany mesmo depois que seu espírito já a havia deixado pois ela queria que ele “ficasse” pois ela sabia em um “nível espiritual” que ela “já estava com o pai”. Ela disse que “não foi por acaso” que ela estava sentada fora de casa às 23h quando ouviu o acidente, e que não foi por acaso que “ela respondeu às necessidades espirituais da Bethany pois ela era uma ministra de cura e que, portanto, Bethany estava em boas mãos”. O mais impressionante que ela escreveu, no entanto, foi que ela queria que nós soubéssemos que a Bethany não faleceu sozinha, mas que ela havia estado lá para “segura-la e orar por ela até que ela desse seu último suspiro”. Nosso pastor mal conseguia acreditar nisso! Uma completa estranha utilizou exatamente as mesmas palavras em sua carta que eu usei ao pedir a Deus que enviasse alguém para ficar com a Bethany. É como se suas palavras tivessem saído dos meus lábios...chego aos ouvidos de Deus... e ido para teclado do computador dela! Eu terminei minha oração exatamente às 23h e às 22h Deus já tinha alguém esperando para cumprir a promessa que me fez (minha mãe dizia que Deus muitas vezes responde nossas orações antes mesmo de pedirmos. Em meu caso isso foi verdade).

Outra coisa inusitada é que o acidente ocorreu exatamente na frente da casa de um pastor batista. Ele foi o segundo a chegar ao acidente. Nós então o visitamos e ele nos contou que ele estava junto com a mulher que estava orando em voz alta com a Bethany e que ele também orou por ela para que ela fizesse as pazes com Deus uma vez que era notável que ela estava morrendo. Ele disse que eles não saíram do lado de Bethany e que não pararam de orar um instante sequer até que o helicóptero a retirou do local (quais são as estranhas coincidências de que dois ministros foram os primeiros a chegar na cena do acidente? Nossa dor é profunda mas nossa crença de que Deus estava no controle nunca foi abalada. Steven Johnson podia não estar no controle do carro que dirigia... mas Deus sempre esteve no controle da situação).

Nós enterramos Bethany na Sexta Feira, 11 de março. Ao invés de fazer o funeral na igreja nós fizemos num ginásio com 300 lugares. Mesmo assim todos os lugares foram ocupados. O derramar de amor e suporte que tivemos foi acolhedor. O dono da empresa em que eu trabalhava fechou a empresa para que todos pudessem ir ao enterro da minha filha. Vários ex-funcionários também compareceram. Como a Bethany havia terminado o ensino médio em maio, muitos colegas e professores da sua escola vieram. Vieram também muitos funcionários e clientes do Target (supermercado americano) e da Starbucks (cafeteria americana) em que ela trabalhou que a amavam muito.

No funeral de Bethany, seu antigo pastor do grupo jovem falou sobre o sorriso dela, sobre sua personalidade vibrante e de como ela era apaixonada por queijo, de todos os tipos. Nosso pastor sênior falou sobre as dificuldades dela e comparou sua vida com a história bíblica do Filho Pródigo. Mesmo que o filho tenha partido e vivido à sua maneira, seu pai esperava seu retorno todos os dias. Quando finalmente o avistou de longe, o pai correu para encontrá-lo e lhe deu as boas vindas. Assim também é Deus, que espera longamente por nós para que “retornemos”. O pastor encerrou encorajando que todos estivessem seguros de onde iriam passar sua eternidade... pois a morte virá a nós todos e sem aviso, mesmo se formos jovens. Ele disse: “Se você está aqui hoje, acredito que foi estabelecido por Deus. Ele está lhe dando uma outra chance de começar um relacionamento com Ele para que você tenha certeza de onde irá passar sua eternidade.”

Quando ele perguntou se havia alguém que gostaria de encontrar Deus, muitos levantaram suas mãos. Nós nunca saberemos quantos creram na oração da salvação sem ao menos ter levantado suas mãos. A dor da perda de Bethany é excruciante, mas se há algo que nos conforta que possamos nos apegar é que ela realizou seu sonho de alcançar outros para Deus... mesmo que essa tenha sido a última coisa que fez.

No domingo, dois dias após o funeral, um cavalheiro da equipe de som me bateu gentilmente no ombro e me entregou o CD que eu solicitei, “O Quarto Homem”. Derepente eu entendi. Aquela mensagem sempre foi para mim. A lembrança da Bethany andando sobre seu pequeno ônibus de plástico pela cozinha enquanto eu ouvia à fita veio imediatamente. Eu não havia escutado esse sermão em 18 anos mas pouco antes da morte dela Deus a trouxe novamente. Eu entendi que mesmo que eu e meu marido tenhamos sido colocamos na fornalha, Deus estava conosco. Ele estava no canto da estrada esperando pela Bethany de braços abertos para trazê-la para casa novamente. Em sua graciosa misericórdia ele me preparou para sua partida, e naquela mesma noite ele imediatamente cumpriu sua promessa enviando alguém para segura-la e orar por ela até que ela desse seu último suspiro.

Pastor Wright, honestamente posso lhe dizer que eu e meu marido fomos colocados nas chamas de fogo mas elas não nos consumiram. E hoje posso te agradecer por aquela mensagem que eu freqüentemente refleti ao longo dos anos, me perguntando se algum dia eu precisaria de tamanha força e conforto. Eu precisei... e obtive.

No amor de Cristo,

Sharon.


P.S: Eu prometi lhe contar no final da carta sobre como a Bethany foi milagrosamente curada. Como eu mencionei, mesmo que você e outros presbíteros tenham orado pela cura dela na Primeira Igreja da cidade de Kansas, a primeira cirurgia dela foi completamente sem sucesso. Depois que o Clark se formou no seminário nós assumimos uma pequena igreja na pequena cidade de Lufkin, no Texas, cujos membros eram 2 jovens e 18 idosos em bengalas e andadores. A segunda cirurgia estava marcada em um hospital de elite em Houston, onde ela seria operada pelo melhor cirurgião de olhos dos Estados Unidos... o mesmo que cuida dos astronautas. No domingo à noite, o dia que precedia à operação, Clark pediu aos membros que viessem à frente para que pudessemos orar uma vez mais pela cura da Bethany. Eles impuseram as mãos sobre ela mas eu confesso que pensei ser uma perda de tempo uma vez que todos os professores do seminário e os superintendentes gerais da nossa denominação não obtiveram resposta à oração. Na segunda-feira pela manhã chegamos cedo no hospital. O médico fez um última exame apenas para medições finais. E aí mediram novamente... e novamente... Em seguida ele telefonou para um outro cirurgião para que a examinasse. Finalmente nos perguntou: “Vocês levaram essa criança em outro médico-cirurgião?”. Nós lhe dissemos: “Não, claro que não, o senhor é considerado o melhor do mundo! Onde mais poderíamos levá-la?” Desnorteada eu perguntei: “Mas por que o senhor quis saber isso?”. Ele respondeu que os olhos da Bethanyu estavam completamente normais e ele não poderia explicar isso uma vez que ela havia sido um dos piores casos que ele já havia visto em toda a sua carreira. Então eu lhe questionei: “O senhor acredita em oração?”. Ele replicou que não exatamente pois era ateu. Então lhe contamos que na noite anterior uns velhinhos da nossa igreja haviam ungido Bethany declarando a sua cura.

Vagarosamente ele foi até sua escrivaninha e se sentou. Ele ficou em silêncio durante um tempo e então ligou o seu gravador de voz em que ele ditava suas observações médicas. Após mencionar que agora os olhos de sua paciente estavam normais, terminou dizendo: “Eu decidi cancelar a cirurgia de Bethany Rivas... um médico maior que eu já operou nesta criança...”

Bethany sabia essa história muito bem. Ela nunca poderia negar o poder milagroso de cura de Deus. Eu finalmente entendi o seguinte... Deus algumas vezes permite que nós passemos por determinadas dificuldades pois Ele está tentando alcançar alguém mais. A Bethany não foi curada na primeira vez pois havia um experiente médico em Houston, prestes a se aposentar, que era ateu e precisava saber que Deus realmente existe! Também aprendi que a grandeza dos milagres independe da grandeza de títulos daqueles que oram pelos milagres. Deus tem um motivo para não nos curar... ou para não nos curar ainda. Ele tem o seu Próprio plano divino... e a maneira Dele é maior do que a nossa.

Carta da mulher que aplicou o RCP (reanimação cardio pulmonar) em Bethany

Querida Família Rivas e Justin:


Vocês não me conhecem mas eu estava com a sua filha e amiga Bethany no final da sua vida. Eu gostaria que vocês soubessem que ela não morreu sozinha. Eu estava com ela, segurando-a e orando por ela até que ela desse seu último suspiro. Eu realizei a RCP (reanimação cardio-pulmonar) em Bethany depois que seu espírito já havia partido pois meu ego queria que ela ficasse mas eu já sabia num nível espiritual que ela já estava com o Pai. Ela não sofreu e sua passagem foi em paz. Mesmo que ela tenha sido temporariamente trazido de volta à vida pelos paramédicos depois, espiritualmente ela já estava com o grande criador, apenas seu corpo estava vivo. Não foi por acaso que eu estava sentada no meio-fio às 23h daquela noite e ouvi o barulho da colisão, e não foi por acaso que eu pude responder às necessidades dela. Eu sou uma ministra de cura e ela estava em boas mãos. Christal já havia falecido então apenas orei para que a alma dela tivesse uma jornada segura. Justin estava em boas mãos com minha amiga Myrna mas a pessoa com os maiores traumas e que precisa de vocês agora é o Steven. Pude sentir toda a fúria e dor que ele estava sentindo. Eu li no jornal a lista de problemas que esse rapaz está carregando e que ele fez muitas decisões erradas em sua vida. Quando penso sobre isso, me pergunto qual foi a causa de sua vida ser tão auto-destrutiva. Eu entendo sua dor e perda mas não desonrem a memória de sua linda filha com o ódio. Todos nós fomos envolvidos nessa tragédia, paramédicos, policiais, familiares e amigos e pessoas como eu mesma, que estão conectados por uma energia e se vocês reagirem através do ódio todos nós seremos afetados.

Como ministra de cura eu respeito as palavras do grande curador, o chefe Fools Crow. Ele disse que a cura é algo puramente espiritual e tem a ver com ajudar a pessoa para estar também bem com Deus. Então, se a morte realmente vier, a pessoa irá morrer pacificamente e não brava ou ressentida sobre isso. Ele aprende através de rituais de cura a pensar em termos de qualidade de vida e não quantidade de vida. A cura é um presente inestimável que pode ser dado a qualquer que a aceite. Através dessa carta eu ofereço a vocês a cura, a mesma cura que pude dar à Bethany. Espero que vocês a aceitem.

Somos todos um,

Rev. Donna Weinheimer

Carta de Bethany a seus pais



Última página do diário de Bethany (pensamentos acerca de suas lutas com Deus, sua fé e sua visão sobre a morte)











sábado, 20 de junho de 2009

Poema à Bethany (escrita por uma colega de trabalho)

Um milhão de vezes nós precisamos de você,
Um milhão de vezes nós choramos,
Se pelo menos nosso amor pudesse ter te salvado,
Você nunca teria morrido.

Em vida te amamos profundamente,
Na morte ainda amamos.
Em nossos corações nós guardamos um lugar
Que ninguém mais irá preencher.

Despedaçou nossos corações te perder,
Mas você não se foi sozinha.
Parte de nós foi com você,
No dia em que Deus te levou para casa.

Mesmo que te amemos profundamente,
Nós não pudemos fazer com que você ficasse.
Deus despedaçou nossos corações
Para nos provar
Que Ele só leva pra perto Dele o melhor.

Sentiremos saudades,
Cafeteria Starbucks